quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Expectativas e um banho de realidade


Passou o Carnaval cidade! Acorda pra ver! Novo semestre do curso de Pedagogia, novas disciplinas, expectativas renovadas.

Arte Educação, Educação e Cidadania, Educação Especial, Psicologia da Educação... Ufa! Parece-me à primeira vista bastante complexo, mas tratarão de assuntos que me interessam. Uma das vertentes da Pedagogia que me atrai é a Social. Anseio por desenvolver algum trabalho que possibilite mudanças, mesmo que pequenas, para as pessoas. Quem sabe até em Santiago do Iguape, terra que frequento.
Por falar em Santiago do Iguape, passei o Carnaval lá e um fato mexeu muito comigo. Um garotinho doce com olhos desejosos de afeto (de uns 7 a 8 anos) estava quase sempre na casa de minha mãe, onde procurava os abraços e beijos dela e brincava comigo, minha sobrinha (5 anos) e meu filho (4 anos). Pois bem, o pessoal (minha mãe, três amigos e meu marido) resolveu sair fantasiado de Nego Fugido pelas ruas da localidade e ele foi se vestir de índio para poder sair junto.

Estava tudo bem, até o pai dele, que estava visivelmente bêbado, puxar o menino e justificar que aquela situação poderia fazê-lo perder a guarda da criança, que , segundo ele, conseguiu com tanto custo. Inicialmente, irritou-me porque o que ele estava fazendo era pior: fora de controle com copo de conhaque na mão e sem nem saber onde estava o seu filho. Depois a irritação virou revolta quando fiquei sabendo que era apenas pelo medo de perder o Bolsa Família.

Durante esse discurso da guarda, o garotinho chorou, um choro abafado. Não sei decifrar de que: medo, tristeza, solidão?

Meu marido e os amigos que são nativos de lá e conhecem o referido senhor disseram que ele é grosseiro e bate muito no menino. O pior tratamento é dado a esse filho por desconfiar não ser o pai dele.

No dia seguinte, meu esposo encontrou com o garotinho e perguntou se o pai havia feito algum mal a ele. Respondeu que não, mas depois do episódio não foi mais a nossa casa.

Daí fiquei arrasada, passaram-se três dias e quando vejo a foto dele no meu celular, bate a tristeza e a impotência, a culpa de não ter feito nada...

Sensação essa que não posso deixar tomar conta de mim, já que para ser pedagogo e lidar com vidas, não podemos perder as esperanças de conseguir uma pequena mudança, mesmo pequena, o mais importante é que ela venha!


1.2012

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