domingo, 12 de julho de 2015

Escola Tarja Preta

No domingo, dia 05/07/2015, na Revista Muito, do Jornal A Tarde, a profa. da Faculdade de Educação da UFBA e doutora em psicologia escolar, Lygia Viégas, deu uma entrevista em que denuncia o uso indiscriminado dos medicamentos Ritalina e Concerta para as crianças se ajustarem à escola sob o argumento de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade).
Ela tocou em vários pontos como a cobrança social de estarmos produzindo o tempo todo e sem angústia. Então vem a medicação tarja preta como sinônimos de fórmulas mágicas para a felicidade.
Entretanto, mesmo com números alarmantes, a sociedade não questiona a escola. Questiona-se os alunos e os professores, mas a escola é intocável?
Salas superlotadas, aulas expositivas e descontextualizadas, material pedagógico pouco atrativo, cenário que não interessa às crianças de hoje que, como falou a profa. Lygia:

 "crianças que estão antenadas na internet, que assistem vídeos, que produzem vídeos. Temos uma criança digital numa escola analógica. Essa escola ainda que as crianças fiquem sentados, olhando para a frente, sem conversar, só copiando..."

A escola precisa mudar! Hoje há várias experiências de desescolarização. A desescolarização, em termos gerais, é tirar a estrutura e as amarras escolares da aprendizagem. As pessoas podem aprender em casa, no trabalho, no banheiro, em rede, de forma personalizada e/ou colaborativa e/ou com experiências. Essa forma livre e autogerida de aprendizagem pode inspirar novos formatos de escola, em que o sujeito é respeitado em sua individualidade. Não há mais espaço, em pleno século XXI, para a escola como modelo de fábrica que produz sujeitos iguais e dentro de um padrão.
Acredito na brincadeira e no lúdico para abrir novas possibilidades para a escola, inclusive com games. Como diz a profa. Lygia: "A gente precisa ver potência ao invés de ver doença."

Em tempo: neste momento que escrevo esta postagem, no Cartoon Network passa o desenho "Clarêncio, o otimista". No episódio, o personagem principal e o amigo são suspensos. E adivinha? Eles começam a buscar conhecimento em vários lugares sobre vários assuntos, até mesmo proteger a casa de alienígenas. Bem interessante! O futuro já está acontecendo.


Fonte:

VIÉGAS, Lygia. Precisamos ver potência, ao invés de ver doença. Muito, Salvador, p. 6-10, 5 jul. 2015. Entrevista concedida à Tatiana Mendonça.





sexta-feira, 26 de junho de 2015

Para refletir: qual a escola do seus sonhos? Frei Beto já tem a dele!

A Escola dos meus Sonhos

Frei Betto



Na escola dos meus sonhos, os alunos aprendem a cozinhar, costurar, consertar eletrodomésticos, a fazer pequenos reparos de eletricidade e de instalações hidráulicas, a conhecer mecânica de automóvel e de geladeira e algo de construção civil. Trabalham em horta, marcenaria e oficinas de escultura, desenho, pintura e música. Cantam no coro e tocam na orquestra. Uma semana ao ano integram-se, na cidade, ao trabalho de lixeiros, enfermeiras, carteiros, guardas de trânsito, policiais, repórteres, feirantes e cozinheiros profissionais. Assim aprendem como a cidade se articula por baixo, mergulhando em suas conexões que, à superfície, nos asseguram limpeza urbana, socorro de saúde, segurança, informação e alimentação.

Não há temas tabus. Todas as situações-limite da vida são tratadas com abertura e profundidade: dor, perda, falência, parto, morte, enfermidade, sexualidade e espiritualidade. Ali os alunos aprendem o texto dentro do contexto: a Matemática busca exemplos na corrupção dos precatórios e nos leilões das privatizações; o Português, na fala dos apresentadores de TV e nos textos de jornais; a Geografia, nos suplementos de turismo e nos conflitos internacionais; a Física, nas corridas de Fórmula-1 e nas pesquisas do supertelescópio Huble; a Química, na qualidade dos cosméticos e na culinária; a História, na violência de policiais contra cidadãos, para mostrar os antecedentes na relação colonizadores - índios, senhores - escravos, Exército - Canudos, etc.

Na escola dos meus sonhos, a interdisciplinaridade permite que os professores de Biologia e de Educação Física se complementem; a multidisciplinaridade faz com que a História do livro seja estudada a partir da análise de textos bíblicos; a transdisciplinaridade introduz aulas de meditação e dança e associa a história da arte à história das ideologias e das expressões litúrgicas. Se a escola for laica, o ensino religioso é plural: o rabino fala do judaísmo, o pai-de-santo, do candomblé; o padre, do catolicismo; o médium, do espiritismo; o pastor, do protestantismo; o guru, do budismo, etc. Se for católica, há periódicos retiros espirituais e adequação do currículo ao calendário litúrgico da Igreja. Na escola dos meus sonhos, os professores são obrigados a fazer periódicos treinamentos e cursos de capacitação e só são admitidos se, além da competência, comungam os princípios fundamentais da proposta pedagógica e didática. Porque é uma escola com ideologia, visão de mundo e perfil definido do que sejam democracia e cidadania. Essa escola não forma consumidores, mas cidadãos.

Ela não briga com a TV, mas leva-a para a sala de aula: são exibidos vídeos de anúncios e programas e, em seguida, analisados criticamente. A publicidade do iogurte é debatida; o produto adquirido; sua química, analisada e comparada com a fórmula declarada pelo fabricante; as incompatibilidades denunciadas, bem como os fatores porventura nocivos à saúde. O programa de auditório de domingo é destrinchado: a proposta de vida subjacente, a visão de felicidade, a relação animador-platéia, os tabus e preconceitos reforçados, etc. Em suma, não se fecham os olhos à realidade, muda-se a ótica de encará-la. Há uma integração entre escola, família e sociedade. A Política, com P maiúsculo, é disciplina obrigatória. As eleições para o grêmio ou diretório estudantil são levadas a sério e, um mês por ano, setores não vitais da instituição são administrados pelos próprios alunos. Os políticos e candidatos são convidados para debates e seus discursos analisados e comparados às suas práticas.

Não há provas baseadas no prodígio da memória nem na sorte da múltipla escolha. Como fazia meu velho mestre Geraldo França de Lima, professor de História (hoje romancista e membro da Academia Brasileira de Letras), no dia da prova sobre a Independência do Brasil, os alunos traziam para a classe a bibliografia pertinente e, dadas as questões, consultavam os textos, aprendendo a pesquisar. Não há coincidência entre o calendário gregoriano e o curricular. João pode cursar a 5ª série em seis meses ou em seis anos, dependendo de sua disponibilidade, aptidão e seus recursos. É mais importante educar do que instruir; formar pessoas que profissionais; ensinar a mudar o mundo que ascender à elite. Dentro de uma concepção holística, ali a ecologia vai do meio ambiente aos cuidados com nossa unidade corpo-espírito e o enfoque curricular estabelece conexões com o noticiário da mídia.

Na escola dos meus sonhos, os professores são bem pagos e não precisam pular de colégio em colégio para se poderem manter. Pois é a escola de uma sociedade em que educação não é privilégio, mas direito universal, e o acesso a ela, dever obrigatório.

 Frei Betto é escritor, autor do romance "O Vencedor" (Ática), entre outros livros. 

Fonte:

http://www.bancodeescola.com/freibeto.htm

sábado, 20 de junho de 2015

Refletindo sobre gênero

Como pedagogas e pedagogos, devemos ler sobre diversos assuntos e mais ainda sobre temáticas que podem influenciar o nosso trabalho. Foi assim que me interessei pelo livro “Abaixo a Família Monogâmica!”, de Sérgio Lessa.
Antes de começar a lê-lo, eu possuía algumas certezas, como:
  • Monogamia é o inverso/oposto da poligamia;
  • A família monogâmica (independente de ser na formatação hetero ou homo) é algo inquestionável, ou seja, é o que conheço. Forçando um pouco a barra, é resultado de amor entre os indivíduos (pode rir!).

Logo no título enxergo uma provocação às minhas certezas. Entretanto, gosto de me sentir sacudida por outros pontos de vista e ver que, diferente do que nos é imposto durante a nossa formação, não há naturalidade, mas ideologias e formas de dominação.
É assim que vou me confrontando com as ideias do livro:
A monogamia e a poligamia são faces da mesma moeda e não formas opostas de organização familiar. Ambas na sociedade de classes é a subjugação da mulher pelo homem.
Com o capitalismo, a propriedade privada, a sociedade de classes e o individualismo, não há como permanecer coletiva a criação dos filhos, a educação e os cuidados. Logo...
A mulher é retirada da vida coletiva e passa a servir ao marido. Ela é sobrecarregada com a maternidade, a mediação entre o “senhor”, os filhos, os empregados, o cuidar da casa.
É nessa organização da família monogâmica que a mulher como propriedade do marido não lhe é dado espaço para desenvolver sua personalidade e sua sexualidade. Afinal, um objeto não tem vontades e nem pensa. E ao homem cabe o papel do predador  sexual e provedor. Ambos são incompletos porque ou é emoção ou razão.
E é assim que se justifica as atitudes de violência e de opressão pelo instinto “natural” masculino.
Entretanto, o que me atingiu em cheio é saber que o próprio formato da “família monogâmica” está intrinsecamente ligado ao sistema capitalista. Ou seja, nada está imune ao capitalismo, nem mesmo o “amor”. A monogamia não é a livre vontade de se relacionar com uma pessoa, mas uma parte da ideologia do capital.
No papel de pedagogas (os) com uma consciência mínima, é preciso estar conscientes para não continuar alimentando esses preconceitos e preceitos na formação dos alunos e alunas.  Não devemos reforçar estereótipos!
É fundamental estarmos atentas e atentos ao Currículo Oculto. As nossas posturas, as nossas ideologias e nossas certezas não podem reafirmar opressões e exclusões. Claro que é um papel difícil, mas essencial.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Aprendendo além da escola

Meu filho no seu aniversário pediu para viajar comigo e com o pai. Tirei férias na semana do parabéns dele a fim de proporcionar isso.
Nós sempre viajamos desde que o pequenino nasceu e sempre procurando novas experiências em família, mas ultimamente nos fins de semana o pai tem trabalhado muito e não temos tido a chance de fugirmos para as estradas. Portanto, não é à toa o pedido dele.
Algumas pessoas questionaram a decisão, já que meu filho teria que faltar dois dias de aula.
Bem, sobre isso, por não ser tão partidária da escola, acredito que uma criança viajando com a família, em momentos de descontração e prazer, aprendem tanto ou mais que na escola. Durante a viagem, surgem oportunidades de aprendizagem. É claro que se os pais estiverem atentos a isso podem estimular sem serem professorais e formais.
Viajamos pela Chapada Diamantina, por três cidades diferentes. Foi possível observar o clima (por que uma cidade é fria e outra não?), vegetação, cultura (comidas locais) e história (o garimpo). Além disso, visitamos um museu em que tinham objetos de uso diário, como: o ferro de passar roupa a carvão, rádios antigos, objetos do garimpo e até palmatória. Além de se divertir, ele aprendeu muito.
Veja mais sobre aprender na viagem no endereço abaixo:



terça-feira, 5 de maio de 2015

Novos Rumos

Terminei o curso de Pedagogia em novembro de 2014.
Fiz os estágios que faltavam na Escola Municipal Aristides Novis na Federação. Gostei tanto, pois pude confrontar muitas das teorias com a prática. Pude ver e sentir a importância do professor na vida das crianças que, em muitos casos, tem uma família desestruturada e pouco ou nenhum afeto. A realidade é nua e crua e também machuca (algumas vezes chorei ao chegar em casa).
Vi também como a escola, em relação aos conteúdos, ainda precisa dar um salto. E isso eu digo em relação tanto à escola pública como a particular. Foi sobre esta temática que falei no meu memorial - "Escola para que? Reflexões sobre o modelo de escola que queremos".
Através da escrita do memorial e durante o curso de Pedagogia, tive a oportunidade de pensar sobre educação e o papel da escola.
Educação vai além da escola. É um processo de transformação e descoberta do mundo, como também, significa troca, diálogo. É subjetivação e acontece a todo momento na vida. Essa é uma das poucas certezas que tenho ao final desse ciclo: não se aprende apenas no espaço escolar, mas em qualquer lugar.
Não acredito nesse formato que aí está dessas instituições escolares. É ainda o mesmo modelo de meu tempo de estudante (20 anos atrás): excludente, que não estimula o pensar e o pesquisar, com aulas expositivas, conteúdos descontextualizados e processo centralizado no docente.
Basta ouvirmos as crianças e jovens para confirmar a crise dessa configuração de escola. Os alunos não conseguem se sentir atraídos pelo espaço escolar, resultando, muitas vezes, em indisciplina e evasão. Utilizando as palavras de CANÁRIO (in MOSÉ 2013), é fundamental “pensar a escola a partir do não escolar.”
Sabe-se que mudanças demandam tempo e, conforme observei nessa caminhada, algumas colegas que já exercem a profissão, calejadas pelas condições de trabalho, perderam os sonhos relacionados a transformações na educação.
Compreendo que seja difícil manter viva a esperança quando o dia a dia lhe oprime.
Mesmo assim, tenho a utopia de participar da construção de uma nova forma de ensinar e aprender, seja na escola ou em outro formato. Segundo PIZA (in GRAVATÁ 2013):

“Inovação, na esfera da educação, está relacionada à coragem de romper com formatos conhecidos para fazer diferente, reconhecendo que nem sempre o que é uma solução inovadora para uma escola ou cultura será replicável em outra.” (p. 272).

 Após pesquisar sobre várias experiências bem-sucedidas, acredito ainda mais em minha profissão como transformadora e espero poder colaborar para a formação de sujeitos críticos, autônomos e participativos.
Para finalizar, faço minhas as ideias de ANTUNES (in MOSÉ 2013) sobre a escola do futuro:

“é aquela em que o aluno, essencialmente, vai buscar aprender a aprender. Ele não vai aprender coisas, as coisas são ferramentas para o processo do aprender. E a escola será aquele centro de aprendizagem que vai abrir a sua perspectiva de saber ler, de saber ver, saber dizer, saber falar; enfim, tornar-se proprietário de todos aqueles elementos que dão a plenitude da dignidade ao homem. Essa é uma escola que não renuncio à esperança de ainda vê-la.” (p. 207).

Com a conclusão do curso, o blog toma novos rumos: exposição de ideias sobre educação.

Fontes:

GRAVATÁ, André Gravatá et al. Volta ao mundo em 13 escolas. São Paulo : Fundação Telefônica : A. G., 2013, 288 p. Disponível em < http://educacaosec21.org.br/wp-content/uploads/2013/10/131015_Volta_ao_mundo_em_13_escolas.pdfem 23/07/2014.

MOSÉ, Viviane. A Escola e os Desafios Contemporâneos. 2A edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.

domingo, 25 de maio de 2014

No mundo colorido de Romero Britto

Na primeira atividade de PPPVI, escolhemos fazer um projeto de Romero Britto com crianças do Ensino Fundamental I, conforme abaixo:

  JUSTIFICATIVA

A Arte é um dos fatores principais de humanização, pois para produzi-la o ser humano precisa interagir com o mundo ao seu redor e com os outros. Para a criança é ainda mais importante porque, desde cedo, ela se expressa, se comunica e atribui sentidos a sentimentos, pensamentos e realidade por meio de rabiscos nas paredes, desenhos no próprio corpo, danças e movimentos. Portanto, a educação através da arte e do lúdico auxilia a criança na sua compreensão de mundo e no seu desenvolvimento psicomotor, afetivo, cognitivo e estético, tornando-se um sujeito total, completo. Conforme BUORO (2000, in COLETO 2010) “Arte se ensina, Arte se aprende”.
Entretanto, as instituições escolares desconsideram a necessidade da arte, utilizando-a como forma de repouso ou distração das crianças e não como ferramenta de transformação de atitudes, de cognição e de expressão.
Sabe-se que para a escola ser um espaço de construção e significados, deve se pautar pela educação dos sentidos, ir além de ensinar a desenhar e pintar, mas orientar a criança a perceber, ver, descrever, pensar e interpretar.
Com essa postura de reflexão, a Arte-Educação pode ser o caminho mais curto para enfrentar dificuldades de aprendizagem, letramento e problemas de relacionamento, utilizando-se da criatividade.
As crianças do século XXI são bombardeadas pelas mídias e imagens, seja da TV, Internet, filmes, seja da publicidade. A cultura visual contemporânea atualmente desafia os sentidos e definições da própria arte, rompendo com os cânones tradicionais.
As novas formas de produção artística oriundas das novas tecnologias possuem cores, formas e movimento. São editorações gráficas, web design, fotografias, vídeos, buscando sempre a expressão de ideias e sentimentos. É o fazer artístico adaptado às novas realidades.
Essa produção artística possui sinais que precisam ser decodificados, para serem compreendidos. Para isto, é fundamental uma alfabetização do olhar, aprendendo e apreciando as formas, linhas, cores, volumes e particularidades, que proporcionam uma infinidade de leituras. Somados aos textos verbais, a linguagem da arte ajuda o aluno a interagir com o mundo e a se expressar melhor, além de desenvolver criticidade e a percepção visual.
Entre os elementos da arte que servem à leitura das imagens, tem-se a cor, que possui significados diferentes para diferentes culturas e sua análise possibilita conhecer mais sobre suas possibilidades.
Neste projeto, serão explorados esses pontos – a leitura de imagens e a cor, apreciando algumas obras do pintor brasileiro Romero Britto. O artista foi escolhido pela alegria expressa através das cores e formas de suas obras, que levam o observador a um ambiente mágico. Dono de um traço quase infantil, Britto usa cores vibrantes e imagens do cotidiano em pinturas a óleo, explorando formas geométricas ou figuras de sua preferência, como corações ou animais.
Essa viagem ao mundo deste artista contribui para que as crianças do ensino fundamental desenvolvam a capacidade de ler o mundo com sensibilidade e criatividade.
Suas obras são do estilo Pop-Art que está baseado em imagens populares e de consumo, estando ligado à publicidade. Por isso, o artista usa textura gráfica na maioria de suas obras, com um traço único e exclusivo.
A similaridade entre os traços e cores de Britto com o mundo infantil facilita o desenvolvimento desta atividade e a identificação das crianças com a arte. É uma forma de inicia-los na linguagem artística.


OBJETIVOS
Geral 
  • Despertar nas crianças o gosto pelas artes a partir da releitura das obras do artista plástico Romero Brito, trazendo assim para o cotidiano das crianças a cultura brasileira através de seus artistas.

Específicos 
  • Experimentar as possibilidades expressivas da cor;
  • Trabalhar a leitura e releitura de obras de arte;
  • Desenvolver a percepção visual e a coordenação motora fina;
  • Adquirir consciência de responsabilidade com o meio ambiente através da reciclagem;
  • Trabalhar a imaginação e a criatividade;
  • Desenvolver a interação e a socialização


  
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Há inúmeros estudos que abordam sobre a importância da Arte para as crianças e seu desenvolvimento.
Começando por VYGOTSKY (2001 in GALENO), que afirma que a vivência com a arte “implica em emoção dialética que reconstrói o comportamento e por isso ela sempre significa uma atividade sumamente complexa de luta interna que se conclui na catarse” (VYGOTSKY, 2001a, p. 345). Ou seja, o contato com a arte, quando bem vivido e assimilado, promove a autorrealização e ajuda o aluno a desenvolver melhor as suas potencialidades. Nessa linha interacionista, LEONTIEV (2000 in GALENO) defende que a educação estética busca ensinar a capacidade de perceber e entender arte e a beleza em geral.
É sabido que a arte tem uma grande importância na vida das pessoas desde o início das civilizações. Segundo MARTINS et al (1998 in COLETO 2010):

Cada um de nós, combinando percepção, imaginação, repertório cultural e histórico, lê o mundo e o reapresenta à sua maneira, sob o seu ponto de vista, utilizando formas, cores, sons, movimentos, ritmo, cenário...” (MARTINS et al, p.57).

Ainda sobre a experiência estética, de acordo com FERRAZ e FUSARI (1999 in COLETO 2010):
a arte se constitui de modos específicos de manifestação da atividade criativa dos seres humanos ao interagirem com o mundo em que vivem, ao se conhecerem e ao conhecê-lo”. (FERRAZ e FUSARI, p.16)

Mesmo sendo algo que afeta a todos, a arte é vista e sentida de maneiras diferentes por crianças e adultos. Para a criança, mais que para o adulto, a arte é uma forma de se expressar, pois a criança lida com o mundo de modo lúdico, faz o que lhe dá prazer e satisfação. Por isso gosta tanto de brincar e desenhar. (SANS, 1995 in SILVA et al).
De acordo com OSTROWER (1987 in COLETO 2010), “nas crianças, o criar – que está em todo seu viver e agir – é uma tomada de contato com o mundo, em que a criança muda principalmente a si mesma”. Criar é uma necessidade da criança.
Continuando com MARTINS et al. (1998 in COLETO 2010), afirmam que a “arte é a linguagem básica dos pequenos e deve merecer um espaço especial, que incentive a exploração, a pesquisa (...)”.
Os desenhos das crianças são os registros dos seus sentimentos e das suas percepções do meio, pois “a arte infantil faculta-nos não só a compreensão da criança, mas também a oportunidade de estimular seu desenvolvimento, através da educação artística” (LOWENFELD e BRITTAIN, 1970 in COLETO 2010).
Além disso, a criança se expressa através da arte com mais desenvoltura porque, em sua criação, não há certo ou errado. Para LOWENFELD e BRITTAIN (1970 in COLETO 2010), a criatividade é uma ação, é um comportamento em que a criança produz e constrói continuamente.
Dentro da perspectiva vygotskiana, considera-se ainda sobre a experiência estética que quanto mais a criança:

veja, ouça e experimente, quanto mais aprenda e assimile, quando mais elementos da realidade disponha em sua experiência, tanto mais considerável e produtiva será, como as outras circunstâncias, a atividade de sua imaginação” (VYGOTSKY 2001, p. 18).

Isto pode ocorrer por meio do contato com diferentes possibilidades de leitura de imagens, seja jornais e revistas, pinturas, quadrinhos, seja filmes, imagens publicitárias, entre outros.
      Concluindo com LOWENFELD e BRITTAIN (1970 in COLETO 2010), “a arte pode contribuir imensamente para esse desenvolvimento, pois é na interação entre a criança e seu meio que se inicia a aprendizagem”. 

CONTEÚDOS
  • Leitura e releitura das obras de Romero Britto;
  • Desenho e Pintura;
  • Estética;
  • Percepção Visual
DURAÇÃO
5 aulas sendo:
  • 50 minutos por dia o projeto;
  • Restante do horário: trabalhar os conteúdos disponibilizados pela professora regente.
DESENVOLVIMENTO

Cada integrante da equipe desenvolverá a atividade em questão na turma de Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano) em que estiver realizando o Estágio Curricular III, do curso de Pedagogia.
 Sequencia didática
1ª aula: Na primeira aula, organizar a turma em roda para uma conversa sobre as cores no cotidiano, seja nas roupas, nas frutas, nas casas, nos objetos, seja na propaganda, na televisão.
Em seguida, mostrar aos alunos que a cor também é um elemento de expressão em desenhos, pinturas, fotografias e filmes. É o momento que a professora pode fazer com os alunos associações entre as cores e os sentimentos. Pergunte: que cor representa o amor, a tristeza e a felicidade?
Como atividade inicial, sugerir aos alunos que façam uma pintura para expressar um sentimento usando a cor para representá-lo. O importante é explorar a expressividade e o potencial gráfico da criança.

2ª aula: Na segunda aula, é o aquecimento do olhar. Apresentar Romero Britto a eles utilizando Datashow e notebook. Expor imagens de telas do autor, como “Butterfly”, “Love’s in the Air”. Há cores nas telas? O que acham que representam? Que sentimentos? O que o artista quis mostrar? Como vocês se sentem ao olhá-las?
Durante o processo de conversa com os alunos, anotar no quadro os comentários e expressões das crianças.
Então, apresentar o artista Romero Britto. Contar a história de vida dele, conforme abaixo, levando-os a fazer associações entre a vida e a obra de Britto.

ROMERO FRANCISCO DA SILVA BRITTO
Aos 8 anos, um garoto pernambucano começou utilizando papelão e jornal para fazer suas telas. Na escola, além de decorar cadernos com desenhos coloridíssimos, passava horas no quintal de sua casa criando. E ele adorava ganhar de presente livros de arte.
 “Na condição de criança pobre no Brasil, tive contato com o lado mais sombrio da humanidade. Passei a pintar para trazer luz e cor para minha vida. Minha família era muito pobre. Éramos nove irmãos e não tínhamos dinheiro para nada. Criar era um refúgio: eu pintava um mundo colorido, diferente do meu.”
Aos 14, fez sua primeira obra de arte e vendeu seu primeiro quadro à Organização dos Estados Americanos. Entretanto, com sua vida humilde, ele estabeleceu metas para seu próprio futuro.
Mas foi só adulto que entendeu a sua vocação. A inspiração foi surgindo com o tempo e o aprendizado diário era visto nas obras.
Ele acredita que o colorido do Nordeste e do Brasil deu o tom ao seu estilo, tomado pela mistura dos tons alegres. “Eu acho que todos nós temos essa possibilidade. O potencial de ser influenciado pelo seu meio ambiente e você influenciar o seu meio ambiente. Eu acho que, com certeza, o colorido do Nordeste e, em geral o Brasil, sempre esteve presente na minha vida”, diz Britto.
Foi para os Estados Unidos e trabalhou como atendente de lojas, lanchonetes e prestou serviços em um lava jato em Miami. Até que conseguiu espaço em uma galeria de arte na Flórida. Seus trabalhos começaram a ser vendidos e se espalharam pelo mundo.
Há quem considere suas obras a ‘arte da cura’. O próprio artista acredita que muitas vezes a arte ajuda, mas não é tudo. Quando não se sente bem, ele costuma fazer o que mais gosta: pintar.
O sucesso de suas obras lhe rendeu muito reconhecimento, mas também consequências como a cópia de suas telas e esculturas por outras pessoas. Para ele, muitas pessoas poderiam utilizar suas obras como uma fonte de inspiração e criar peças novas.

Ao final da contação sobre a vida do artista, perguntar às crianças: de onde vem a inspiração de Romero Britto? Qual a importância da arte na vida dele? Vocês acham que pessoas de lugares diferentes podem ler o mesmo quadro? A arte é uma linguagem?

3ª aula: Na terceira aula, apresentar aos estudantes o que é releitura: é vivenciar um trabalho e produzir outro com base nele. Mostrar que a releitura não é cópia, nem precisa ser idêntica à obra de origem. Pode-se definir como critérios o uso de cores e a geometria. Após as orientações, distribuir papel, lápis, lápis de cor e hidrocor para que as crianças criem baseadas nas cores e geometria de Britto.

4ª aula: Na quarta aula, dispor na sala de aula tintas guache, pratos de papel e bandeja de isopor, tampas de garrafa pet, para que os estudantes criem suas releituras, sempre deixando à mostra obras de Romero Britto como referências: “Butterfly”, “Love’s in the Air”, “Cachorro Azul”, “Boom Fish” e “Doty Fish”.

5ª aula: Na quinta aula, faremos a reciclagem com CD’s velhos, papel e tinta guache para produção da releitura das telas de peixes.

A culminância será a exposição “O mundo colorido de Romero Britto” – Leituras e Releituras no Ensino Fundamental I. Expor desde os primeiros desenhos até as obras de reciclagem no pátio da escola. Convidar as outras turminhas para apreciar a exposição e conhecer um pouco sobre este grande Artista.

RECURSOS
- Lápis grafite;
- Tinta guache;
- Pinceis;
- Lápis de cor;
- Imagens de pinturas de Romero Britto: borboleta, peixe, cachorro e coração;
- CD’s;
- Tesoura sem ponta;
- Bandejas de isopor;
- Pratos de papel;
- Notebook;
- Datashow;
- tampas de garrafas pet;
- cola branca e cola de isopor;

AVALIAÇÃO

Ao estabelecer associações para as cores e obras, o aluno estará fazendo uso de valores pessoais, portanto, não há certo ou errado. Por isso, a avaliação deverá ser processual com a professora verificando se o aluno participou das rodas de conversa, se desenvolveu uma relação entre cor, formas e expressividade, se na sua releitura houve desenvolvimento da percepção artística.
Um dos pontos a ser observado pelo docente é se houve alguma mudança no comportamento e no crescimento do educando, inclusive nas outras disciplinas.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, A.M. ; COUTINHO, R.; SALES, H. M. Artes visuais da exposição à sala de aula. São Paulo: EDUSP, 2005a.


COLETO, Daniela Cristina. A Importância da Arte para a Formação da Criança. Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.3, jan./jul. 2010. Disponível em <http://www.conteudo.org.br/index.php/conteudo/article/view/35> Acesso em 17.04.2014.


EÇA, Teresa Torres Pereira de. Educação através da Arte para um Futuro Sustentável. Caderno CEDES, Campinas, vol. 30, n. 80, p. 13-25. Jan.-abr. 2010. Disponível em < http://www.cedes.unicamp.br > Acesso em 15/03/2012.

GALEANO, Eduardo. PROPOSTA CURRICULAR – ARTE Fundamentos Filosóficos e Pedagógicos do Ensino de Arte. Disponível em < http://www.artenaescola.com/links/documentos/fundamentos_ART.pdf > Acesso em 20.04.2014.

JESUS, Cláudia Oliveira de et al. O Ensino de Artes Visuais nas Escolas Públicas de Alhandra. Disponível em < http://www.prac.ufpb.br/anais/xenex_xienid/x_enex/ANAIS/Area4/4CCHLADAVPEX01.pdf > Acesso em 20.03.2014.

KEHRWALD, Isabel Petry. Ler e escrever em artes visuais. Disponível em < http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/banco_objetos_crv/%7BF0203430-E408-4036-8C3A-50F3D343BC4A%7D_Ler%20e%20escrever%20em%20artes%20visuais.pdf > Acesso em 24.03.2014.

MARIGO, Adriana Fernandes Coimbra. Roda com arte: aprendizagem dialógica em comunidades de aprendizagem. 2009. 337f. Dissertação (Mestrado). Processos de Ensino e Aprendizagem. Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2009. Disponível em <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=167926> Acesso em 21/03/2012.

NASCIMENTO, Edna S. P e TAVARES, Helenice Maria. As Artes Visuais na Educação Infantil: Possibilidade Real de Lúdico e Desenvolvimento. Revista Católica, Uberlândia, v.1, n.2, p. 169-186, 2009. Disponível em < http://www.catolicaonline.com.br/revistadacatolica/artigosv1n2/14-PEDAGOGIA-03.pdf > Acesso em 15/03/2012.

PILLAR, Analice Dutra. Visualidade e sentido: contágios entre arte e mídia no ensino de arte. Disponível em < http://viuvabranca.ufrgs.br/pesquisa/PRD/PP/Anexo/15323_1.pdf> Acesso em 23/03/2012.

RICHTER, Ivone Mendes. Interculturalidade e estetica do cotidiano no ensino das artes visuais. 2000. 260f. Dissertação (Doutorado). Educação. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000. Disponível em < http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000218928&fd=y> Acesso em 25/03/2012.

SENA, Dominique Cristina Souza de. Leitura e Releitura de uma Obra de Arte – Um Olhar Infantil e a Alfabetização Estética. Disponível em < http://ccsa.ufrn.br/seminario2010/anais/artigos/gt2-16.pdf > Acesso em 10.03.2014.

SILVA, Aline Fernanda et al. A Arte-Educação no Cotidiano Escolar. Disponível em < http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf/548_640.pdf >. Acesso em 10.03.2014.

SILVA, Elizangela Aparecida et al. Fazendo arte para aprender: A importância das artes visuais no ato educativo. Pedagogia em ação, v.2, n.2, p. 1-117, nov. 2010 – Semestral. Disponível em < http://periodicos.pucminas.br/index.php/pedagogiacao/article/view/4850 >. Acesso em 10.03.2014.

SILVA, Rosa Maria da. Artes visuais na escola: uma experiência de ensino e aprendizagem através do olhar e das expressões artísticas dos alunos. Unoesc & Ciência – ACHS, Joaçaba, v. 2, n. 2, p. 120-128, jul./dez. 201. Disponível em < http://editora.unoesc.edu.br/index.php/achs/article/view/731/pdf_214 >. Acesso em 10.03.2014.

Imagens de Romero Britto



 



sábado, 24 de maio de 2014

Estou preparada?

Quase final de semestre... Provas de disciplinas nem tão fáceis assim em meio à tormenta de escrever uma monografia para a Especialização em EAD (até o dia 07/06/2014). Sem contar o estágio curricular que eu ainda não fiz. É muita coisa, mas como dizem, sou brasileira e não desisto nunca.
E ainda estou fazendo Atividade Complementar como voluntária no Mais Educação na Escola Municipal Cidade de Jequié na Federação. Sobre esta experiência, estou gostando muito, pois tenho aprendido com a Profa. Ana Paula sobre a prática pedagógica e o planejamento. E fiquei muito feliz porque sugeri dois planos de aula de Português e um de Matemática. Foi aplicada em sala de aula a ideia sobre preconceito no futebol através da crônica esportiva. Veja as fotos das frases na culminância do trabalho.





Ainda sobre essa experiência, na sexta, dia 23/05/2014, fui para acompanhar a aula de Matemática do 6º ano e o professor não foi nem a Coordenadora poderia ficar para dar aula, então eu fui e dei a aula, que seria passar a atividade e depois corrigi-la. Foi legal, mas tive algumas dificuldades com dois alunos que tumultuaram um pouco o andamento da aula. Sei que dei o melhor de mim.

Daí me veio Paulo Freire:

"Ninguém nasce feito, é experimentando-nos no mundo que nós nos fazemos."

E, assim, o caminho é interminável...

mai/2014