sábado, 20 de junho de 2015

Refletindo sobre gênero

Como pedagogas e pedagogos, devemos ler sobre diversos assuntos e mais ainda sobre temáticas que podem influenciar o nosso trabalho. Foi assim que me interessei pelo livro “Abaixo a Família Monogâmica!”, de Sérgio Lessa.
Antes de começar a lê-lo, eu possuía algumas certezas, como:
  • Monogamia é o inverso/oposto da poligamia;
  • A família monogâmica (independente de ser na formatação hetero ou homo) é algo inquestionável, ou seja, é o que conheço. Forçando um pouco a barra, é resultado de amor entre os indivíduos (pode rir!).

Logo no título enxergo uma provocação às minhas certezas. Entretanto, gosto de me sentir sacudida por outros pontos de vista e ver que, diferente do que nos é imposto durante a nossa formação, não há naturalidade, mas ideologias e formas de dominação.
É assim que vou me confrontando com as ideias do livro:
A monogamia e a poligamia são faces da mesma moeda e não formas opostas de organização familiar. Ambas na sociedade de classes é a subjugação da mulher pelo homem.
Com o capitalismo, a propriedade privada, a sociedade de classes e o individualismo, não há como permanecer coletiva a criação dos filhos, a educação e os cuidados. Logo...
A mulher é retirada da vida coletiva e passa a servir ao marido. Ela é sobrecarregada com a maternidade, a mediação entre o “senhor”, os filhos, os empregados, o cuidar da casa.
É nessa organização da família monogâmica que a mulher como propriedade do marido não lhe é dado espaço para desenvolver sua personalidade e sua sexualidade. Afinal, um objeto não tem vontades e nem pensa. E ao homem cabe o papel do predador  sexual e provedor. Ambos são incompletos porque ou é emoção ou razão.
E é assim que se justifica as atitudes de violência e de opressão pelo instinto “natural” masculino.
Entretanto, o que me atingiu em cheio é saber que o próprio formato da “família monogâmica” está intrinsecamente ligado ao sistema capitalista. Ou seja, nada está imune ao capitalismo, nem mesmo o “amor”. A monogamia não é a livre vontade de se relacionar com uma pessoa, mas uma parte da ideologia do capital.
No papel de pedagogas (os) com uma consciência mínima, é preciso estar conscientes para não continuar alimentando esses preconceitos e preceitos na formação dos alunos e alunas.  Não devemos reforçar estereótipos!
É fundamental estarmos atentas e atentos ao Currículo Oculto. As nossas posturas, as nossas ideologias e nossas certezas não podem reafirmar opressões e exclusões. Claro que é um papel difícil, mas essencial.

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