sábado, 1 de junho de 2013

Muitos conhecimentos e experiências em 8 dias

“Eu sou feliz
Sou muito educado
Gosto de estudar
Sou criança Motivar”

 Esses 8 dias aos quais me refiro no título é o período de estagio supervisionado de observação. Esse primeiro estágio tem como objetivo relatar o que foi visto e vivenciado no 1º ano do Ensino Fundamental I, turno matutino, sob a regência da professora Elis, na Escola Motivar, situada à Rua Engenheiro Rubens Pires Ferreira, 190 – Federação.

Foi confrontada teoria com a prática, possibilitando construir novos conhecimentos.  Para isso, foi necessário analisar a metodologia, a dinâmica da escola, a interação entre os  alunos e destes com a professora no cotidiano escolar.

Durante esse período de 30 horas (de 13 a 22/05/2013),  a observação contribuiu para desenvolver outro olhar sobre a educação e assegurar a aquisição de conhecimento, seguindo, assim, no caminho de minha formação como uma professora consciente e reflexiva, ou seja, uma boa profissional.
A Motivar foi fundada em 1978 e oferece Educação Infantil e Ensino Fundamental I. Atualmente possui 224 alunos, distribuídos em 18 turmas (9 matutinas+9 vespertinas), 13 professores e 13 funcionárias, incluída aí a coordenadora pedagógica. A instituição possui um museu com fósseis de animais e com modelos dos órgãos do corpo humano.

Além disso, possui quadra de esportes, uma área com vários tipos de jogos, muitos brinquedos, como bonecas, sucatas e fantasias, tudo para exercitar a criatividade, a interação  e o brincar na hora do recreio.

Para referendar essa visão da escola, podemos usar VYGOTSKY (1989). Segundo ele, o brincar desenvolve a cognição:
“É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de uma esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas e não dos incentivos fornecidos pelos objetos externos.”
Ainda sobre essas atividades, PIAGET (1978) afirma que “para manter o equilíbrio com o seu mundo o educando necessita brincar, jogar, criar e inventar”. 

A escola não possui biblioteca, mas tem livros em todo lugar e estão acessíveis às crianças. Sem contar que possui um projeto de “Ciranda Literária”, em que uma vez por semana os discentes levam para casa um paradidático para ser lido juntamente com os pais.

É nesse cenário que aprendi muito com as prós Juci e Elis, além de conviver com os alunos. A professora Juci é diretora e coordenadora pedagógica da escola, com a experiência de 37 anos em educação. É uma pessoa simples, doce, mas firme quando necessário e as crianças a amam. Participa de tudo, desde planejamento, passando pela decoração, conversa com os pais até ministrar aulas. Conversei todos esses dias com ela a respeito da metodologia, sobre referenciais teóricos, disciplina e limite. Nos primeiros dias, admito que ficava com a cabeça refletindo tudo que vi e debati com a pró Juci.

Além disso, percebi que o que me foi apresentado era concreto. Tive contato, por exemplo, com diversos trabalhos coletivos permeados pela interdisciplinaridade. Esses trabalhos ficam expostos no pátio da escola para apreciação dos professores, alunos e pais. 

Sobre a interdisciplinaridade e a realidade escolar, segundo PETRAGLIA (2001 apud GERHARD e ROCHA FILHO, 2012), embasada nas ideias de Morin:

“O currículo escolar é mínimo e fragmentado. Na maioria das vezes, peca tanto quantitativa  como qualitativamente. Não oferece, através de suas disciplinas, a visão do todo, do curso e  do conhecimento uno, nem favorece a comunicação e o diálogo entre os saberes; dito de outra forma, as disciplinas com seus programas e conteúdos não se integram ou complementam, dificultando a perspectiva de conjunto e de globalização, que favorece a  aprendizagem. “

LÜCK (1994 apud GERHARD e ROCHA FILHO, 2012) ainda afirma:

“Interdisciplinaridade é o processo que envolve a integração e o engajamento de educadores, num trabalho conjunto, de interação das disciplinas do currículo escolar entre si e com a realidade, de modo a superar a fragmentação do ensino, objetivando a formação integral dos alunos, a fim de que possam exercer criticamente a cidadania, mediante uma visão global de mundo e serem capazes de enfrentar os problemas complexos, amplos e globais da realidade atual.”
Aprendi muito com ela, apesar de não concordarmos em algumas ideias, mas na diferença é que mais se aprende.

A professora Elis, regente da turma que observei, é pedagoga e alfabetizadora, há 11 anos na Motivar. Aprendi com ela sobre plano de aula, metodologia, mas, acima de tudo, a ensinar com amor e limites. Todas as manhãs, quando entram na sala, a professora cumprimenta os discentes de forma carinhosa. 

Outro ponto interessante dessa vivência é que, antes de introduzir algum assunto, a pró Elis abre discussões sobre o tema, fazendo com que os alunos falem e tragam suas experiências e seus conhecimentos. É uma forma de saber qual o nível de entendimento da classe sobre determinado assunto. Portanto, a referida professora procura utilizar atividades diversificadas para melhor atingir os objetivos de aprendizagens, seja vídeos, cantigas, histórias. 

Segundo FREUD (1914), o mais importante é a relação professor-aluno, pois:
“(...) não é fácil identificar o que teve maior influência na caminhada escolar dos alunos, mas, certamente constata-se que a personalidade dos professores atua de modo significativo na construção do conhecimento humano.”
Apesar da contestação da pró Juci, foi possível notar que as teorias podem ser colocadas em prática, adaptando-as à realidade de cada turma. Esse, para mim, foi o principal ganho: a reflexão sobre a prática.

Como falei anteriormente, a minha aprendizagem não foi só com as professoras Elis e Juci, mas também com as crianças, seja observando-as brincar com o estojo (o imaginário celular), seja em um chamado tímido, seja observando momentos mágicos, como os alunos lendo com certa facilidade. Essa vivência contribuiu bastante para minha formação profissional e pessoal, permitindo-me visualizar um pouco o que é ser uma boa professora.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. 3 ed. Brasília: A Secretaria, 2001.

FREUD, S. Algumas reflexões sobre a psicologia do escolar, 1914. In: Freud, S. Obras Completas. RJ. Imago, 1974. V 13.

GERHARD, Ana Cristina e ROCHA FILHO, João Bernardes (2012). A Fragmentação dos Saberes na Educação Científica Escolar na Percepção de Professores de uma Escola de Ensino Médio. Disponível em <http://www.if.ufrgs.br/ienci/artigos/Artigo_ID287/v17_n1_a2012.pdf> Acesso em 20/04/2013.
PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zarar, 1978.

SANTOS, Selma Mara Nunes dos. Interdisciplinaridade: uma Possibilidade de Superação da Fragmentação do Saber. Disponível em < http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/966-4.pdf> Acesso em 18/05/2013.
ViGOTSKY, Lev. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1989, p. 109.