segunda-feira, 4 de março de 2013

Ludicidade e Disparate




Nos dias 27/02 a 01/03/2013, participei do VII ENELUD - Encontro de Educação e Ludicidade, organizado pelo GEPEL (Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação e Ludicidade). Esse grupo é vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da FACED/UFBA.
A abertura foi uma palestra da profa. Maria Cândida de Moraes (PUC/DF) sobre "Ludicidade e Transdisciplinaridade". Ela falou sobre o Paradigma Emergente, em que reina o indeterminismo, a causalidade circular e a unidade dos contrários. E enfatizou que o sujeito perturba o objeto e o objeto perturba o sujeito. Um abre brecha para no outro. Ou seja, na prática pedagógica, isso ocorre todos os dias: o professor ensina e aprende, o aluno ensina e aprende e, assim, ambos se tornam novos sujeitos com novas idéias e indagações.
Entre outros pontos apresentados por ela, podemos citar que:
  • o ser, o conhecer e o fazer estão intrincados, se interrelacionam;
  • já que a realidade é multidimensional - há conhecimentos antigos, populares, do outro e da matriz pedagógica, poderemos determinar o modo de aprender/interpretar do aluno? Precisamos "abrir nossas gaiolas epistemológicas" e ajudar a criança a construir seu conhecimento a partir de sua realidade;
  • o lúdico facilita a abertura para a transdisciplinaridade, ir além das disciplinas. Leva-se em conta o ser humano como um ser multidimensional (corpo, mente e espírito).
Ao final, ela pontuou a importância de repensarmos a prática pedagógica, não só como técnica e teoria, mas também como arte, afetividade. Integrar emoção, ação e intenção.
À tarde, tivemos a Mesa Redonda "Cultura Lúdica e Cultura Digital", com as profas. Edméa Santos (UERJ) e Lynn Alves (UNEB) e o prof. Edvaldo Couto (UFBA). Foi defendido que o papel do professor na realidade das TIC's é ampliar repertórios culturais, utilizar, por exemplo, o celular para criação de textos. Por isso, a cultura lúdica e a digital não se excluem. Inclusive, o prof. Edvaldo disse que as novas tecnologias são carregadas de ludicidade porque permitem compartilhar, produzir de forma criativa, divertida e em conjunto. Juntas podem potencializar o trabalho com o outro.
No dia 28/02, a palestra da manhã foi, para mim, uma das melhores desse ENELUD. O palestrante foi o prof. Cipriano Luckesi. Ele discorreu sobre o fato de sermos inacabados, sobre a formação de professores e a prática pedagógica. Enfim, o que mais me impressionou foi a facilidade de versar sobre questões complexas de uma forma simples com exemplos cotidianos. É um mestre mesmo!
À tarde, houve a Mesa Redonda "Cultura Lúdica nas Escolas e Formação de Educadores", com as profas. Thereza Marcílio (AVANTE), Sálua Chéquer e Cristina D' Ávila (UFBA/UNEB). Falou-se sobre o brincar e a sua importância nas diversas faixas etárias. Também foram abordados os equívocos que se repetem em relação ao brincar (por exemplo, "brincar é quando não se está fazendo nada sério").
Salientou-se o Direito de Brincar e seus benefícios neurológicos, cognitivos, socioemocionais e fisiológicos para a criança (aliás, para qualquer pessoa).
No contexto educacional, a brincadeira serve tanto como estratégia pedagógica que facilita o processo de ensino-aprendizagem, quanto para conhecer a criança e sua realidade sociocultural.
A profa. Cristina apresentou uma expressão nova para mim: metáforas lúdicas (que é o uso de "instrumentos" para movimentar/mexer com o outro). Como exemplo, ela mesma já utilizou LEGO para falar de planejamento com professores.
No último dia, teve a palestra de Nairzinha (Cirandando Brasil) falando sobre a "História das Brincadeiras Brasileiras". De uma forma apaixonada, mostrou-nos o que é folclore, curiosidades sobre brincadeiras e mitos das diferentes matrizes culturais.
O saldo foi positivo, mas fico triste quando chego na universidade, na qual estudo, e convivo com alguns disparates.
No sábado 02/03/2013, debatia-se em sala sobre um vídeo baseado no livro de Ivan Illich ("Sociedade sem Escola"). Falou-se na necessidade de mudança estrutural da escola com uso cidadão das TIC's, para possibilitar novas formas de aprender, refletir, conhecer, criticar. No entanto, nos nossos encontros presenciais, a lista de frequência é apresentada no final , "prendendo" os alunos e alunas na sala. Portanto, discute-se sobre a transformação da escola, mas no dia-a-dia são utilizadas estratégias conservadoras para manter discentes adultos na sala ou fazê-los participar dos fóruns (?????????). Há algo estranho nisso... É para refletir.

2013.1

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